“NUAS, BRUXAS E CANIBAIS”

COLONIZAÇÃO DO IMAGINÁRIO DA EXISTÊNCIA DE MULHERES INDÍGENAS NO PERÍODO COLONIAL

Autores

  • José Winícius Araújo dos Santos UniRios
  • Ana Caroline Marcos Araújo
  • Vitória Carvalho de Sá
  • Yasmin Pereira Accioly
  • Bruno Robson de Barros Carvalho

Palavras-chave:

Mulher indígena, Colonização, Imaginário

Resumo

Introdução: A pesquisa Narrativas Ancestrais, Presente do Futuro, de 2022, mapeou e analisou as percepções sobre os povos indígenas e as principais narrativas deles e sobre eles no Brasil na última década. Dentre os achados, destaca-se que o conhecimento fragmentado sobre os povos indígenas advindo, às vezes, apenas títulos de reportagens ou posts de redes sociais, com pouco aprofundamento. Nesse mesmo horizonte analítico,  o protagonismo das mulheres indígenas na produção e resistência é ressaltado, assim como, a importância da arte indígena por desafiar as narrativas e as linguagens hegemônicas e no questionamento, crítica e evidenciamento dos apagamentos históricos a partir da perspectiva indígena. Objetivos: O presente trabalho tem como objetivo problematizar a construção do imaginário da mulher indígena brasileira a partir da obra “Imagens da mulher do ocidente moderno 1: Bruxas e Tupinambás Canibais” de Isabelle Anchieta. Metodologia: Do ponto de vista metodológico, deu-se prioridade às imagens que construíam mulheres indígenas no momento histórico das investidas europeias na terra recém invadida. Resultados/Discussões: O que uma obra de arte revela sobre o seu criador? Observando as primeiras imagens de indígenas brasileiros, as ilustrações descritivas e impressões produzidas por artistas a partir das cartas de Américo Vespúcio, foi possível notar o que chamamos de Colonização do Imaginário. Os ideais morais dos autores dos textos e das imagens produziram a espetacularização absurda e assustadora da mulher indígena. O imaginário de mulheres nuas e canibais num universo idílico foi mercantilizado ao mesmo tempo em que construía um viés de repulsa e erotização dos corpos retratados. Esmiuçando as primeiras narrativas tecidas em cima de corpos indígenas, encontra-se a objetificação divisória, os indígenas são “os outros”, “os selvagens”, “os impuros”, “os sem-Deus” e a população europeia era “civilizada”, “educada”, “sacra”, “abençoada”. Destacamos ainda a hegemonia da religiosidade Cristã como lente para compreensão de outras religiões e espiritualidades. Considerações finais: As artes encomendadas para estampar as cartas descritivas evocavam nos leitores-espectadores-consumidores (que eram, em sua maioria, homens brancos europeus) sensações de temor, prazer e superioridade. Compreender a mídia enquanto ferramenta moldante do pensamento coletivo desde a antiguidade, nos mostra o poder bélico que um viés segregador e tendencioso de um conteúdo pode ter ainda nos dias atuais. 

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Publicado

09.09.2024