A CANÇÃO MOVE O MUNDO: Os encartes dos discos de vinil

Autores

  • Marcos Alexandre de Morais Cunha

Palavras-chave:

Canção, Poesia, Prêmio Nobel, Campo literário, Capas, encartes de vinil

Resumo

A partir do final dos anos 60, a canção popular ganhou um protagonismo cultural sem precedentes, atraindo toda uma geração de poetas. Os seus textos poéticos, as letras, tornaram-se tão ou mais influentes do que os poemas. Mesmo tendo seu próprio campo dentro da indústria cultural, a canção, com o seu poder simbólico, tornou-se síntese de uma era, criando ícones e adentrando no campo literário. O Nobel de literatura de 2016, atribuído ao cantor folk americano Bob Dylan, foi o ponto culminante do estatuto da canção como alta literatura, ao mesmo tempo que provocou uma onda acalorada de debates sobre a legitimidade do prêmio ao letrista, da mesma forma que revigorou a relação entre poesia e música. Bob Dylan é o representante máximo de uma plêiade que conta com nomes como Lou Read, Leonard Cohen e, em língua portuguesa, Chico Buarque de Hollanda e Caetano Veloso. Poetas da canção, de uma geração que, em seus caminhos rumo à consagração literária, usaram e abusaram dos recursos gráficos dos encartes dos discos de vinil. As capas do vinil tornaram-se cult e um dos mais eficazes suportes da literatura das décadas finais do século xx, ao ponto de tornaram-se uma peça autônoma em relação ao vinil, uma peça literária. Contraditoriamente, este símbolo da renovação sofreu, como poucos suportes ao longo do tempo, os efeitos da sanha tecnológica e, com o advento do meio digital, foi sumariamente tirado do mercado, passando a ser, ainda em seu próprio tempo, um objeto arcaico.

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Publicado

01.04.2020