PODER, PATRIARCALISMO E SUBMISSÃO EM DOM CASMURRO, DE MACHADO DE ASSIS

Autores

  • Emanoela Carolaine Silva Santos
  • Maria do Socorro Pereira de Almeida

Palavras-chave:

Poder, Patriarcalismo, Constituição do discurso

Resumo

O trabalho tem como objetivo, analisar as relações de poder e os aspectos patriarcais na obra Dom Casmurro, de Machado de Assis através das perspectivas do discurso do narrador. A história é narrada, em primeira pessoa, por Bento Santiago que encontra, na estratégia narrativa, uma das formas de exercer seu poder e, assim, acaba por revelar aspectos de uma sociedade patriarcal. Ele usa o discurso como instrumento de persuasão para convencer o leitor da suposta traição da esposa. O patriarcalismo, entre outros aspectos, se revela na formação da tríade familiar, pai, mãe e filho e na presença da instituição religiosa, que estabelece o casamento. Nesse processo a submissão e o silêncio da mulher são regras de comportamento. Na obra em questão, a posição social e o comportamento tanto de Capitu quanto de Bentinho, que serão vistos através da fala do próprio Bento, primeiro porque é dele a única voz direta da obra, depois, pela forma como ele constitui o seu discurso. Nessa narrativa, Bentinho ocupa o lugar de fala de Capitu e dos demais personagens, dando espaço apenas para a sua versão da história. A pesquisa é de cunho bibliográfico e para atingir o objetivo buscamos alguns estudos basilares como os de Dominique Maingueneau, Mikhail Bakhtin, Roque de Barros Laraia, Alfredo Bosi, Elizabeth Bandinter, Simone Beauvoir, Mariza Corrêa, John Kenneth Galbraith, Michel Foucault entre outros. Inicia-se observando conceitos e ponderações sobre o patriarcalismo e as estratégias discursivas no intuito de ver de que lugar o narrador se coloca e em seguida, adentra-se a obra para as discussões analíticas. Ao longo do trabalho, foi possível perceber que Bento Santiago assume um papel ditatorial e que sua posição como advogado e ex-seminarista lhe dá cobertura para o discurso, além de ser favorecido pela posição masculina na sociedade e pela situação financeira. Vemos que, apesar de muitas conquistas, as mulheres ainda são “idealizadas” como anjos do lar ou diabólicas sedutoras.

Downloads

Publicado

01.12.2018