A JUVENTUDE E AS EXPECTATIVAS DE UMA (AUTO)REFERÊNCIA ADULTOCÊNTRICA

Resumo

A partir de uma compreensão de sentidos de juventude e maturidade atribuídos por jovens às suas experiências de vida, este artigo busca: questionar o olhar cientificista clássico da Psicologia que concebe as etapas de vida dividas em ciclos lineares, enquadrando os sujeitos em identidades instituídas e socialmente compartilhadas; e discutir como o público jovem ainda é pensado como um processo de desenvolvimento de capacidades e ajustes aos papeis adultos, o que nega ou restringe a pluralidade de significados possíveis de serem experienciados. Mediante uma oficina realizada com catorze jovens universitários, seguida de entrevistas individuais semiestruturadas com cinco dos participantes, os dados foram analisados a partir da Análise Temática de Conteúdo, o que visibilizou uma multiplicidade de sentidos atribuídos pelos jovens nos seus processos de reconhecimento, bem como expectativas e responsabilidades permeadas por essa lógica adultocêntrica. Discutir tais questões mostra-se importante diante da proposta de uma superação de visões de uma juventude associada a processos de imaturidade e irresponsabilidades, o que aponta a demanda de uma visão mais particularizada a respeito das experiências juvenis, concebendo o jovem como um ser singular e atuante nos seus processos de identificação.