TRABALHOS DE ANTROPOLOGIA E ETNOLOGIA: O movimento eugênico português a partir da perspectiva da antropologia histórica (1900-1930)

Resumo

O presente estudo pretende compartilhar, com a comunidade acadêmica, alguns exemplos de fontes primárias que vêm sendo utilizadas no desenvolvimento de uma tese de doutorado em História Contemporânea, na Universidade de Coimbra, a respeito da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia e suas relações com o incipiente movimento eugênico no início do século XX. Desde o final do século XIX, multiplicaram-se em todo o mundo sociedades, institutos e agremiações que estabeleceram redes de colaborações internacionais em diversos ramos da ciência - na Antropologia não foi diferente. Compreender as ações dessas agências confundese com a própria antropologia histórica, e com a importância daqueles que, mesmo não sendo antropólogos em suas formações, contribuíram direta ou indiretamente para sua institucionalização. Seguindo nosso Plano de Trabalho, o foco deste artigo consiste em uma análise de caráter tanto quantitativo como qualitativo do periódico “Trabalhos da Sociedade Portuguesa de Antropologia e Etnologia” (assim designado entre o volume I de 1919 e o volume X de 1945, depois do qual passou a nomear-se por Trabalhos de Antropologia e Etnologia - TAE), entre os anos de 1919-1928. Procurou-se no decorrer dessa investigação estabelecer possíveis relações da eugenia portuguesa com outros países, inclusive com o Brasil, que já em 1918 inaugurava a Sociedade Eugênica de São Paulo, sob a liderança do importante eugenista limeirense Renato Ferraz Kehl, o qual mantinha relações com diversas sociedades científicas internacionais, inclusive em Portugal.